Meu nome é Ana. Esposa de Elcana. Marido amoroso, mesmo eu não lhe
dando filhos. Minha infertilidade fez Elcana casar-se com Penina. O regime de
bigamia era legal e tive que conviver com a segunda esposa de Elcana.
Continuei sendo a esposa amada de Elcana e isso despertou ciúme e inveja
em Penina. Dia-a-dia ela me irritava. Lembrava-me sempre da minha condição
de esterilidade. Eu sofria calada. Já não dera filhos a Elcana, não podia me
tornar uma mulher richosa. Estava deveras triste. Imagine meu tormento: A
mulher que não dava descendentes ao marido era considerada indigna e logo
suspeitavam de algum pecado. Eu não pecara, mas Deus havia cerrado minha
madre e ainda tinha que aguentar as picuinhas de Penina.
Éramos muito religiosos. Obedientes as leis íamos anualmente ao
Tabernáculo, em Siló. As ofertas queimadas e os presentes que Penina
recebia, por cada filho que possuía, era exibido por ela de forma a me afrontar.
Meu marido também me dava presentes, e isso aumentava ainda mais a inveja
de Penina. Meu espírito se esmoreu e se abateu com esta situação. Não
conseguia comer. Meu marido percebeu minha tristeza e questionou-me se não
era bom marido. Se ele não me dava segurança como se dez filhos
tivéssemos!! Ah!! Ele me amava, mas não entendia minha indignação.
Eu busquei Deus. Em jejum, no Tabernáculo, me derramei diante do Senhor
clamando e pedindo que me desse um filho homem e me livrasse de tanta
vergonha e humilhação. Orei tão fervorosamente que gesticulava e
movimentava meus lábios, sem emitir som algum, para não despertar a
atenção dos outros. Eis que o Sacerdote me observou, se aproximou e me
repreendeu achando que estivesse embriagada. Imagina!! Eu era uma mulher
triste e aflita. Eu viera para orar e buscar em Deus, uma benção. Disse-lhe que
fizera um pedido e uma promessa a Deus. Não para manipular ou para obriga-lo a me atender. Não!! Eu sou uma serva fiel. Deus conhece meu coração.
Então Eli dispensou a benção sacerdotal e me mandou embora. Minha fé foi
fortalecida. Em casa, não me deixava mais abater pelas circunstâncias. Como
serva devota eu aguardava o tempo de Deus para minha benção chegar. Meu
coração se alegrou de tal maneira que a beleza estampou o meu rosto. Meu
marido desejou estar comigo. Ah! O Senhor lembrou-se de mim e concebi um
filho. Seu nome: Samuel, significa "Pedido a Deus".
A família estava completa. Samuel não era o primogênito de Elcana, mas seria
o filho usado para servir a Deus, como eu havia prometido. Samuel seria
Nazireu desde o seu nascimento e por toda vida. Seus cabelos não seriam
cortados e cresceria sob os cuidados de Eli para aprender a servir a Deus. E
Elcana sabedor de tudo que se sucedeu, concordou comigo.
Chegado o tempo de ir à Siló para as ofertas pedi consentimento a Elcana para
ficar em casa com Samuel até que fosse desmamado. Mais uma vez Elcana foi
compreensivo e concordou comigo. Decorridos três anos, Samuel desmamado,
era tempo de ir ofertar, em Siló. No Tabernáculo, levei o menino a Eli. Senhor!!
Lembra-se de mim?! Sou aquela mulher devota a quem o Senhor abençoou.
Deus atendeu minha oração e me deu o filho homem que pedi. Agora trago-o
para ser criado na Casa de Deus, e cumprir minha promessa, todos os dias de
sua vida. Agradecida à Deus cantei e louvei a Deus que tudo sabe. Ao Deus
que pesa nossas ações e nos abate e eleva.
Samuel ficou. Voltei para casa com a missão de interceder por meu filho. Orei
para que Deus o abençoasse e o livrasse da influencia das práticas erradas
dos filhos de Eli. E Samuel servia a Deus e crescia em estatura, e tornava-se o
predileto de toda gente. Ano após ano eu levava uma túnica de linho igual ao
manto do Sacerdote, para Samuel vestir. Abençoados por Eli tivemos mais três
filhos e duas filhas.
Depois de muito tempo sem falar diretamente com os profetas, Deus
manifestou sua Palavra à Samuel, em sonho. E eis que Samuel se tornou o
último juíz de Israel, abençoado e usado poderosamente por Deus.
Para encerrar este testemunho digo que o marido deve amar sua mulher. Digo
que o Império da mulher casada é seu lar. O casal deve orar junto. Devem ser
concordantes nos pedidos e votos que fizerem diante de Deus. Não
murmurem. Não olhem as circunstâncias. Não deixem as almas se abaterem.
Derramem-se sem reservas, ao Senhor, pela sua família. Sejam obedientes. E
Deus concederá o desejo dos seus corações. Alegrem-se no Deus da sua
salvação que é onisciente, onipotente e onipresente. Estejam dispostos a
entregar-lhes seus planos e a cumprirem sua divina vontade. Prontifiquem-se
em serem canal de benção onde vocês estiverem. Deus é fiel e será louvado
texto de Raquel Soares
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