3 de fev. de 2016

Muito Prazer, meu nome é Eli.

Resolvi dar uma passada por aqui com o propósito de falar um pouco de meus sentimentos, do que fiz como sacerdote e confessar meus erros. Aliás, acho que minhas confissões poderão de certa forma ajudar você.
Normalmente sempre que falam de mim associam minha história a Samuel. Sou conhecido como um sacerdote gordo, que não sabia controlar os filhos e morto quando caí de uma cadeira.
Para quem não sabe, além de sacerdote eu era juiz. Fui o primeiro a acumular as duas funções. Sentiu a responsabilidade! Pois é, foi aí que cometi meu maior erro. Achava que conduzir o povo, cuidar dos sacrifícios e do templo eram as coisas mais importantes da minha vida. Só fui descobrir mais tarde que na verdade, o que eu tinha de mais precioso era minha família. Quantas vezes meus filhos, Hófni e Finéias me chamavam para brincar, queriam minha atenção e eu dizia que não. Afinal eu estava sempre muito ocupado. Diversas vezes os via fazendo coisas erradas e não os corrigia, pois isso dava trabalho, era melhor deixar passar. Eu já tinha tanto problema do povo para resolver… Deixei que os anos passassem e meus filhos foram crescendo sem direcionamento; conselhos e o pior, sem Deus. A falta de correção aos meus filhos acabou não só os destruindo como atrapalhando a minha vida como lider do povo. Eu era um pai ausente.
Lembro-me bem do dia em que Ana, mãe de Samuel, chorava desesperada no tabernáculo. Achei que ela estava bêbada, sua forma de busca a Deus era desesperadora! Mas tudo que ela queria era um filho. Essa história vocês conhecem bem. Ela clamou a Deus e a resposta divina foi Samuel. O que eu não sabia era que Ana dedicaria aquela criança a Deus.
Quando o menino completou… Não me lembro bem, mas acho que 8 anos, Ana foi ao templo e me entregou Samuel, explicando que ele ficaria comigo. Naquele momento quando vi o menino, foi como se Deus me dissesse: “Eli, este menino é a sua chance de acertar. Não erre com ele da mesma forma que você errou com seus filhos”.
Samuel, vocês sabem, cresceu temente a Deus e sob os meus cuidados. Criei Samuel prestando atenção em cada coisa que ele fazia e precisava. Um dia Samuel quebrou um castiçal. Tinha certeza que havia sido ele, mas ele negava insistentemente. Na hora de dormir conversei com Samuel novamente sobre o castiçal quebrado e expliquei que Deus ficaria muito triste em saber que seu servo estava mentindo. Beijei Samuel e fui deitar-me. Ainda mexia-me na cama tentando encontrar uma posição em que minhas costas não doessem e o menino vem correndo, com lágrimas nos olhos me diz: “Perdão senhor! Eu fiquei com medo que brigasse comigo, por isso menti. Eu quebrei o castiçal”. Aquele momento foi uma mistura de sentimentos. Fiquei emocionado por ter levado Samuel a confessar e corrigir seu erro, mas recordei-me de quantas vezes poderia ter levado meus filhos ao arrependimento e não fiz. Falei para Samuel que Deus o havia perdoado, recomendei que não fizesse mais aquilo e lhe dei o abraço mais apertado de sua vida.


Teve um outro momento em que o menino achou que eu o estava chamando. Foi quando eu percebi que na realidade era o próprio Deus que queria falar com ele. Naquele momento disse para que se ele ouvisse alguém o chamando respondesse: “Fala Senhor, teu servo está ouvindo.” Ele saiu como uma flecha em direção ao lugar que ele costumava dormir. Eu agradeci a Deus pela oportunidade de ter cuidado de Samuel e ajudado a moldar o seu caráter. Naquela noite Deus revelou coisas terríveis que aconteceriam comigo e minha família devido a minha omissão como pai. Samuel, muito triste, mas sabendo que não deveria faltar com a verdade, não escondeu nada e revelou o que Deus havia dito. Como tudo poderia ter sido diferente se Hófni e Finéias tivessem tido ao seu lado o mesmo Eli que Samuel conheceu !

E é isso. As vezes deixamos nosso trabalho e até mesmo o templo ocupar o espaço da coisa mais importante que temos, a nossa família. Samuel foi a prova viva que eu tinha capacidade para ter sido um bom pai. Talvez você não tenha outra oportunidade. O trabalho é importante, o templo também. Mas sua família deve sempre estar em primeiro lugar. Talvez você possa estar pensando: “Deus é que deve estar em primeiro lugar!” Aí vai uma dica Importante para você, não confunda templo com Deus.

Texto do Alexandre Oliveira

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