26 de jan. de 2016

Referência

Precisamos de referência.
Aprendemos imitando. Grande parte do que aprendemos é por imitação.
Como você aprendeu a amarrar o cadarço do tênis? Ainda não aprendeu?
Como você aprendeu a escovar os dentes?
A gente aprende olhando e repetindo. Repetindo e olhando, e olhando, e olhando mais uma vez.
Antes de fazer ditado a gente copiava, copiava e copiava.
Nos esportes isso fica ainda mais claro.
LeBlon James era fã e tentava copiar Michael Jordan. Os Bleatles era uma banda cover. Grandes pintores aprendem copiando obras primas.

Este início de ano perdi algumas das referências de minha adolescência.
Sebastião Rezende, Sr Isaltino Gomes Coelho e ontem, D. Dejanira Guerra.
Gente que marcou um período muito bom de minha vida.



O primeiro um homem que sofreu uma mudança radical. Acompanhei sua mudança. Assumiu a fé e tinha uma fome desenfreada de aprender. O 'cara' transpirava vida. Gente boa. Boa de conviver e que várias vezes perguntava. Pouco importava se era 'grande', porque raramente os adultos da igreja conversavam. Tião, como era chamado, não tinha vergonha de perguntar. Mesmo à um 'moleque' de igreja. Profissionalmente era, o que hoje se chama de empreendedor. Fazia de tudo, como ele dizia para sustentar 'os moleques'. Um homem apaixonado pela família e isso transbordava em seu exercício de fé.



O segundo, Sr Isaltino, era mais contido. Conversava baixo e, pausadamente, de forma extremamente educada trançava conceitos filosóficos, eclesiásticos e tecnológicos. Raramente o via na igreja. Conversava com ele em sua casa porque sou amigo de seu filho Isaías, hoje pastor em Brasília. Sempre saía daquelas conversas pensando sobre a razão, a coerência entre as Escritos e a prática litúrgica de nossa  fé. "A fé deve valer para quando você está sozinho', ele dizia. Ano passado estive em sua casa e, infelizmente, não conversamos. Ele estava inerte e já não reconhecia ninguém, além dos filhos e da esposa. Ainda estou impactado com a visão desse gigante numa cama.



A terceira pessoa... essa era um doce de criatura. Dona Dejanira me acolhia como a um de seus filhos. Eu me achava especial perto dela. Depois, com a convivência, fui percebendo que ela fazia o mesmo com as outras pessoas. Nunca a vi dirigindo um culto. Nunca a vi fazendo solo, ou mesmo uma leitura bíblica. A voz dela deveria ser 'investigada' no meio do coral, ainda que fosse um contralto seguro e afinadíssimo. Educada e extremamente sábia mesmo com pouca escolarização (Escolarização não é educação!). Dona Dejanira era crente. O Evangelho seria outro se o mundo tivesse mais Dejaniras. Quando passei por dificuldades na saúde, e não foram poucas, ela sempre dizia: filho, estou orando por você. E isso nunca me pareceu discurso pronto. Ela orava mesmo. Quase não se ouvia sua voz, mas sua vida foi um grito de fé.

Referências.
Gente que não está mais aqui.
Gente que, como diz as Escrituras, 'o mundo não é digno' (Hb 11.38)
Foi aí que parei pra pensar: há quanto tempo não via o irmão Sebastião? E o Isaltino? E a Dona Dejanira Guerra? Tomei consciência de que não os via há muito, muito tempo. Não os via mas eles estavam aqui dentro de mim, tão perto, tão reais, tão atuais. Catando recordação os encontro muito vivos em minhas referências.
A gente começa admirando, imitando e, quando dá conta... vira referência.
Minha oração:
Senhor, por favor, me ajude! Me ajude a entender que ainda que não queira, sou referência.
Senhor, por favor, oriente! Ensina-me Senhor a fazer escolhas e assumir posturas afinadas contigo. Não quero ser referência negativa, não quero envergonhar seu nome.
Senhor, por favor, me sustente! Me sustente porque só a tua graça. Sem ela não dou conta.


Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes,
enquanto servistes aos santos; e ainda servis.
Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim,
para completa certeza da esperança;
Para que vos não façais negligentes,
mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas.


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